23/04/2012 09:02

CONSIDERAÇÕES GRAMATICAIS E ESTRUTURAIS SOBRE UMA REDAÇÃO

 

A LEI SECA (redação feita por aluno vestibulando, ano de 2005).


O congresso fez muito bem em aprovar a “lei Seca”, pois essa lei pode realmente diminuir e muito os acidentes das estradas e ruas desse Brasil. As pessoas deveriam ter um pouco mais de responssabilidade em emprestar o carro para um menor de idade, que não tem nenhuma responsabilidade para dirigir um carro e beber bebidas alcoolicas.
Talvez essa lei possa reflitir na decadência da taxa da acidentes causados por pessoas alcoolizadas; cobrando multas, punindo o individuo e muitas vezes levando-o a cadeia as pessoas ficam com um certo medo de dirigir alcoolizada pela fato dessa lei estar sendo rigorozamente cobrada nas ruas.
Caso essa lei seja assim, rigorosamente imposta, os riscos de acidente talvez possa diminuir.

      

       Falhas gramaticais:

      

Logo no início, no 1º parágrafo, na segunda linha, está nítida a falha no uso do pronome demonstrativo “esse”, já que Brasil é o país onde moramos, e onde vigora a Lei Seca; e também, esta expressão aparecer escrita com letra minúscula não pode. Então, no caso do pronome, seria mais adequado escrever “este” (momento presente, tempo presente). A palavra “responsabilidade” está mal escrita, verificando-se uma falha ortográfica. Que, apesar de ter o som de dois esses (ss), escreve-se com um só (s). Notem como na terceira linha, há repetições dos termos “responsabilidade” e “carro”. Coisa que deve ser evitada em textos. Por isso, o mais adequado seria substituir essas palavras por outras equivalentes. Por exemplo, em vez de reescrever responsabilidade, a palavra habilitação estaria adequada, no caso de menor de idade, dando sequência ao pensamento — Embora nessa oração haja certa incoerência de ideias. Mas isso eu deixo para mais adiante. E “carro” não precisava ter aparecido 2 x. A oração “e beber bebidas alcoolicas” é redundante, pois quem bebe algo, o substantivo equivalente é bebida, claro. Além de faltar com a acentuação no segundo o da palavra: “alcoólicas”.

Na primeira linha do 2º parágrafo, a ortografia da palavra “refletir” está incorreta. O som é de (i), mas se escreve com (e). O autor da redação não foi muito feliz na escolha dos termos do seu texto, porque existem palavras que ficam mais bem empregadas no contexto a que se referem. É o caso do vocábulo “decadência”, que significa declínio, aquele que decai. E é bem mais utilizada para pessoas e não para fatos ou coisas. Logo, os substantivos "redução", “diminuição” caberiam muito bem na oração. Em seguida, a forma correta da preposição seria “de acidentes” e não “da acidentes”, porque esta palavra é masculina. Na segunda linha do mesmo parágrafo, “indivíduo” recebe acento agudo no terceiro i. A falta de pontuação em determinados momentos também é fato, como na frase: “e, muitas vezes,...” Todo verbo que indica movimento, como nesse caso, o verbo levar, o uso da crase é uma exigência gramatical. Portanto, a oração: “...levando-o à delegacia” (lugar) — cadeia seria outra opção. Na mesma linha ainda, a expressão: “...um certo...” não existe. O correto é: “...certo medo...”

Quem escreveu essa redação não tinha a mínima noção de coesão e coerência, visto serem dois elementos fundamentais para um bom texto, mesmo que este contenha pequenas falhas gramaticais.

Nesse texto, o sujeito inicia a oração no singular, depois, pluraliza os termos, sem pontuação, e o leitor fica confuso.  “...punindo o individuo e muitas vezes levando-o a cadeia as pessoas ficam com...”.  Para que se mantivesse o singular na oração, o autor da redação poderia ter escrito assim: “... sendo isto, uma forma de intimidá-lo, provocar-lhe certo receio em dirigir embriagado, com medo de ter que tirar do próprio bolso o que, de repente, nem teria, além de ficar retido uma noite ou seis meses na cadeia.”

Na terceira linha, “rigorosamente” se escreve assim, e não “rigorozamente”. E a falta de concordância na última linha é grande: “...os riscos de acidente talvez possa diminuir.” O sujeito da oração é: os riscos; então, o verbo deve concordar com ele em número e pessoa (regra geral). Logo, a oração adequadamente escrita seria assim: “...os riscos de acidente talvez possam diminuir.”

 

Estrutura textual: Coesão e Coerência

 

Para formarmos um texto coeso e coerente, cada palavra (unidade de sentido) deve se ligar a outra, dando uma sequência de ideias, pensamentos e de relações entre elas, baseadas no sistema da língua portuguesa, no nosso caso. O sistema de uma língua é estruturado a partir de um código (combinações de palavras, frases) para que um texto venha a significar alguma coisa.

A coesão em um texto está relacionada a esse código, onde as palavras, frases são interligadas, “amarradas”, concatenadas... E a coerência, relacionada ao plano das ideias. Não podendo haver ambiguidades, contradições, quebras de pensamento...

Então, ficam fácil agora perceber no texto acima, as falhas correspondentes à coesão e à coerência. Já vimos as inadequações gramaticais que traduzem a falta de coesão no texto. E a coerência? Quando ele é incoerente? Em que parte do texto? Por quê?

 Reescrevo o texto abaixo para que fique mais simples de buscarmos as incoerências presentes nele.

 

O congresso fez muito bem em aprovar a “lei Seca”, pois essa lei pode realmente diminuir e muito os acidentes das estradas e ruas desse Brasil. As pessoas deveriam ter um pouco mais de responssabilidade em emprestar o carro para um menor de idade, que não tem nenhuma responsabilidade para dirigir um carro e beber bebidas alcoolicas.
Talvez essa lei possa reflitir na decadência da taxa da acidentes causados por pessoas alcoolizadas; cobrando multas, punindo o individuo e muitas vezes levando-o a cadeia as pessoas ficam com um certo medo de dirigir alcoolizada pela fato dessa lei estar sendo rigorozamente cobrada nas ruas.
Caso essa lei seja assim, rigorosamente imposta, os riscos de acidente talvez possa diminuir.

 

                Para começo de história, a Lei Seca não só prioriza o cuidado em ingerir bebidas alcoólicas ao volante, durante trajeto nas estradas, mas também a responsabilidade no consumo consciente do álcool. E não está focada em menores de idade que saem para beber, mas em toda a sociedade que consome álcool.

       Portanto, no texto, existe uma ideia incoerente com a realidade dessa lei.

       Outra coisa também, é que, na redação, pouco desenvolvida, com palavras e pensamentos repetidos, não se atém ao ponto mais importante que é a conscientização e a ajuda profissional para os viciados. Pois, como punir, levar para a prisão alguém incapaz de medir suas atitudes e consequências? Visto ter um vício alcoólico. No nosso país, está cheio de alcoólatras anônimos que não se assumem, e não buscam auxílio. Culpa de quem? O governo, através da Lei Seca, tenta reduzir a violência, e até as mortes nas estradas, porém, isso não está bastando. É nítido.  O que seria preciso, então? Proibir o consumo em lugares públicos? Mas, e se o indivíduo saísse, comprasse no supermercado sua bebidinha para tomar em casa? Haveria algum tipo de problema, transtorno para ele próprio ou para outra pessoa? É um tema bastante polêmico, uma questão que ainda necessita de discussões, resoluções mais eficazes, mais urgentes.

 

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