10/04/2012 10:44

ENTENDENDO A COESÃO

    Antes de tudo, devemos entender por que a coesão é importante. Como seres sociais que somos, convivemos em sociedade com outros seres que, assim como nós, possuem seus empregos, trabalhos, estudos, e suas relações interpessoais. Na escola, na faculdade, no trabalho e nos concursos, às vezes, somos exigidos a escrever um texto, seja ele uma carta, um e-mail, uma redação, etc. E, para sermos compreendidos pelo nosso destinatário ou pelo nosso leitor, cada palavra e/ou frase redigida por nós deve estar ligada uma com a outra, estabelecendo uma sequência lógica de pensamento. Se soubermos como bem utilizarmos os elementos de coesão, qualquer texto que escrevermos será coerente.

    Então, decidi aqui demonstrar como é fácil sequenciar palavras e frases num todo coerente, a fim de que o nosso texto seja claro e eficiente, atingindo o seu objetivo. Através de um artigo de opinião, o processo de alguns elementos de coesão será compreendido.

    QUAL QUINTAL DO VIZINHO? (Carlos Augusto da Silva Santos Jr. / aluno de Psicologia Jurídica da UCAM).

    Para a maioria das pessoas, a vida ideal é sempre a dos outros. Como diz um antigo ditado, temos uma tendência a achar que "o quintal do vizinho é mais verde que o nosso".

    Trata-se de um tipo de insatisfação que só nos faz sofrer, pois incentiva crenças irreais e exageradas sobre o sucesso alheio. Infelizmente, não é difícil cair na armadilha de pensar que todo mundo leva uma vida mais fácil e mais satisfatória que a nossa. Sempre tem um amigo, parente, colega ou celebridade com uma casa maior, um carro mais bacana, roupas mais chiques, um trabalho mais interessante ou um(a) parceiro(a) mais atraente. Quão satisfeitos eles se sentem; todavia, já é outra questão - até porque muitas das pessoas que invejamos não são tão "mais felizes" assim...

    A propósito, qual o sentido de admirar a sorte e a riqueza dos outros a ponto de se ficar insatisfeito com o que possui? Ficar comparando sua posição com a dos outros só pode levar ao desapontamento e à frustração. Em vez de se comparar com as pessoas mais abastadas, que tal comparar sua posição com a dos menos afortunados?

    Sim, isso mesmo! Imagine, por exemplo, que você nasceu na Etiópia, onde a extrema pobreza, a falta de saneamento básico e as altas taxas de desnutrição contribuem para uma expectativa de vida inferior a 46 anos... Quando se sentir chateado pelo fato de alguém ter algo que você não possui, pense nos bilhões de desafortunados que adorariam trocar de lugar com você.

    Com certeza, parecerá que você está entre os privilegiados. Para superar esse tipo de sentimento, o ideal é celebrar as bênçãos que recebemos. Como bem dizia Mokiti Okada: "Gratidão gera gratidão". Seja grato pelo que a vida lhe proporciona - sua família, sua casa, suas roupas, sua coleção de CDs, seus conhecimentos, sua criatividade... Enfim, quando passamos a apreciar as coisas que já conquistamos, não sobra tempo para invejar os outros.

    Para finalizar, gostaria de falar a respeito da ideia da apresentadora americana Oprah Winfrey, que mantém um "diário de gratidão". Ao final de cada dia, ela anota, pelo menos, cinco coisas maravilhosas que aconteceram com ela naquele dia. Se pegarmos emprestada essa sugestão, em pouco tempo a inveja será coisa do passado - e a felicidade fluirá naturalmente.

    ANÁLISE:

    No início do texto, tem-se o tópico frasal (ideia central do texto), em que se afirma algo genericamente. Faz-se uma referência a um ditado popular, utilizando-se, para isto, as aspas. Já que é uma citação de outrem (criador do ditado). O pronome a da frase "...é sempre a dos outros" se refere a palavra vida, e poderia ser substituído por aquela. E o mesmo ocorre no 3º parágrafo: "Ficar comparando sua posição com a dos outros?". Diferentemente do a do 5º parágrafo, que é um artigo definido e não um pronome: "Seja grato pelo que a vida lhe proporciona", porque acompanha um substantivo (vida) e não o substitui.

    No segundo parágrafo, a conjunção pois estabelece uma relação de explicação com a frase anterior. Em seguida, a palavra infelizmente vem entre vírgulas porque é um advérbio de modo. Notem que na frase: "Sempre tem um amigo, parente...", o artigo indefinido em negrito não define quem seja o amigo, o parente... O vocábulo quão é um advérbio, e poderia ser substituído por como. Depois aparece mais uma conjunção: todavia, que exerce uma ideia oposta em relação à frase anterior, completando o sentido. As reticências, outro elemento de coesão, usada para estabelecer uma suspensão do pensamento, ou aqui no caso, uma reflexão

   A partícula se na frase "...a ponto de se ficar insatisfeito..." refere-se à 3ª pessoa do singular,  mas também pode vir com a terceira pessoa do plural ou como pronome reflexivo (pessoa que se refere a si mesma). Na frase, ela aparece num sentido geral, referindo-se a pessoas, mais especificamente com o leitor (você).     

      No quarto parágrafo, a expressão por exemplo vem entre vírgulas porque é um elemento de realce no texto. Serve para dar destaque à frase e chamar a atenção. Logo depois, aparece o pronome relativo onde, fazendo referência à palavra anterior Entiópia (lugar). Adiante, novamente as reticências interrompendo o pensamento anterior e dando continuidade a outro. É bom prestar atenção às pausas, representadas pelas vírgulas. Assim, do mesmo modo que falamos, entoamos pausas, não é mesmo? Mais uma vez há uma citação, que deve vir sempre entre aspas: "Gratidão gera gratidão". O uso do travessão, no caso desse texto, ocorre para intercalar uma ideia, um algo a mais referente ao que já foi afirmado. "Seja grato pelo que a vida lhe proporciona - sua família..." tem a mesma função dos parênteses.  O pronome lhe é usado somente pra designar pessoas, e no caso do texto, ele substitui o pronome você.

  No último parágrafo, outro elemento de realce aparece no texto, chamando atenção. "...ela anota, pelo menos...". Notem como não se repete o nome de Winfrey, mas o substitui pelo pronome ela. O pronome esse (demonstrativo) se refere a outra pessoa e não ao autor, por isso vem escrito dessa forma. Além de estar relacionado com uma ideia passada.

 

    Estas são algumas reflexões a respeito dos elementos de coesão presentes nesse texto, e usados em outros também. Portanto, conclui-se que os sinais de pontuação, os pronomes, os elementos de realce, os artigos, os advérbios e as conjunções são alguns desses elementos coesivos e servem para estabelecer uma ligação entre as palavras e frases de um texto, ficando este inteligível e coerente.

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