21/04/2012 10:25

ESCREVENDO E REGENDO...

  Para um maestro reger bem uma orquestra, todos os componentes desta precisam estar harmonizados, em sintonia. Pois, se apenas um deles estiver fora do ritmo, destoando dos outros, as peças do concerto não obterão o resultado pretendido, não estarão coordenadas. E o mesmo se dá com os componentes de uma oração. Lembrando que a oração é composta por verbo (s), diferentemente da frase, que pode vir desacompanhada de verbo.

  Logo, para que haja uma regência adequada entre os elementos que compõem uma oração, estes devem estar em perfeita harmonia com os seus complementos - palavras (advérbios, preposições, entre outros) regidas pelo verbo.

  Importante também lembrar dos tipos de verbos: Transitivos (Direto ou Indireto) e Intransitivos. Verbo é toda palavra que expressa movimento, ação, estado... e ele pode ser conjugado mudando suas terminações (desinências), indicando variações de número, pessoa, modo e tempo. Lembram?

  O verbo transitivo sempre pede um complemento, que pode vir ou não acompanhado de preposição (elemento que liga duas palavras de diferentes funções). Ex: A menina gosta de queijo. Neste exemplo, a preposição "de" liga o verbo "gostar" ao substantivo "queijo". Compreenderam? E o verbo intransitivo não exige complementos para ganhar sentido a oração.

  Eis alguns exemplos de orações com verbos transitivos e intransitivos:

  1. Amadeus enriqueceu. Neste caso, temos uma oração que não exige complementos, pois possui sentido completo. Não sobra dúvidas a respeito da oração. Logo, é uma oração composta por verbo intransitivo.
  2. Catarina venceu a corridaAqui, percebemos que há um complemento que completa o sentido da oração. E a pergunta que fazermos diante do verbo "venceu" é: o quê? Logo, temos um verbo transitivo direto, porque não possui preposição. Apesar de que alguns verbos transitivos diretos podem vir acompanhados de preposição sim. Como na oração: Eles amam a Deus. Por que isso? Lembram daquela regra básica da crase, que ela não existe diante de palavras masculinas? Então, é isso. Existe uma preposição "a", mas não um artigo juntamente com ela. (Crase: junção de preposição + artigo►a+a=à).
  3. A carta foi encaminhada à diretoria da faculdadeNeste exemplo, o verbo (na forma de locução verbal - dois verbos) também exige complemento para que a oração possua sentido completo. E vem acompanhado da preposição "a". Logo, temos um verbo transitivo indireto. 

    Mas este estudo é para se abordar a regência de alguns verbos.  Através de alguns exemplos, analisar-se-ão os verbos e seus complementos.

   a) O verbo assistir pode equivaler a ajudar alguém; a presenciar, ver alguma coisa ou morar em algum lugar.  

   ►Paulo assistia com carinho os doentes daquele hospital.

   ►Fernanda, não deixe de assistir ao jogo de quarta-feira. ►O filme a que assisti foi maravilhoso.

   ►Rodrigo sempre assistiu em Porto Alegre.

    b) O verbo aspirar equivale a cheirar algo; a desejar alguma coisa, querer obter.

    ►Todos aspiram à paz.

    ►Cíntia aspirou o perfume das rosas.

   c) O verbo visar equivale a dar visto; almejar algo; assinar.

    ►Carlos visou o documento.

    ►Angélica visa ao cargo de presidente da empresa.

    ►O garoto não conseguiu visar o passaporte.

   d) O verbo preferir sempre deve ser escrito com a preposição "a" e não com o "que";

    ►Prefiro dançar a malhar. ►À coca-cola prefiro a limonada.

   e) O verbo pagar quando se refere a coisas não exige preposição: ►Joana pagou o cinema. Quando se referir a pessoas, estas determinadas na oração, o verbo exigirá preposição. ►Cristiano esqueceu de pagar ao empregado anteontem. E quando a pessoa que será paga não vier determinada, não existirá preposição. ►Pagarei alguns garçons hoje à noite. lembrando que "alguns" é pronome indefinido, portanto, não se define quem será pago. Serão alguns garçons e não o garçom.

  f) O verbo perdoar também, quando se referir a coisas não exigirá preposição; e quando se referir a pessoas, sim. ► Renato perdoou a falta de educação do amigo. ►Renato perdoou ao amigo pela falta de educação.

  g) O verbo implicar no sentido de acarretar não exige preposição. ►Sua teimosia implicará muita dor de cabeça a todos. E no sentido de "encher a paciência de alguém, o verbo exige preposição. ►João, não implique com sua irmã.

 h) O verbo proceder equivale tanto a iniciar alguma coisa, quanto a não ter fundamento, e ainda equivale a origem.

    ►A presidente procedeu à reunião.

    ►Se seu aviso proceder, tomarei as providências necessárias.

    ►Os documentos procedem de Paris.

 i) O verbo ir indica movimento, portanto sempre vem acompanhado de preposição. ►Irei à sua casa logo mais. (Todos os verbos que indicarem movimento exigem preposição).

 j) O verbo comparecer sempre vem acompanhado de preposição, porque quem comparece, comparece a algum lugar. ►A reunião a que ele compareceu terminou cedo.

 k) O verbo gostar admite preposição. Pois quem gosta, gosta de alguma coisa ou de alguém. ►O livro de que ele gosta muito desapareceu.

  l)  O verbo responder admite preposição em alguns casos, e em outros não. ►Responda às perguntas seguintes! ►Responda a pergunta. Notem que no primeiro exemplo, há uma palavra que determina que perguntas devem ser respondidas; já no segundo, não.

 m) O verbo acreditar admite preposição, porque quem acredita, acredita em alguma coisa ou em alguém. ►Está lá dentro a pessoa em cujas atitudes jamais acreditei.

 n) O verbo namorar não exige preposição, e isto, tenho certeza de que pode ser confuso, visto já se ter por hábito falar assim: "Fulana namora com Beltrano". mas o correto é: ►Fulana namora Beltrano.

 0) O verbo querer pode vir acompanhado de preposição quando se referir a querer bem, estimar alguém. Já no sentido de simplesmente desejar alguma coisa, ou alguém, o verbo não admitirá preposição.

    ►Plínio quer um carro zero quilômetro.

    ►Tereza lhe quer muito bem.O menino quer a seus amigos. Notem que o pronome "lhe" só pode ser empregado em verbos que admitem preposição. Já que na primeira oração, o sentido do verbo querer é de estimar alguém.

 

 O estudo da regência dos verbos não termina por aqui, visto que existem outros tantos, porém, os mais comuns foram os abordados até então. Boa sorte!

    

    

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