ORAÇÃO DO IMPRESSOR (Printing Impressions, 1997).

    Quando estiverem paginadas as últimas linhas do livro de nossas vidas, numerada a última página e a rama com o colofão já concluída, então,

DEUS e SENHOR,

pensa em mim.

    Perdoa o punhal cravado nas costas do amigo. Perdoa a mentira repetida para obter um trabalho. Excusa a fraude, a suspeição, os insidiosos sorrisos que me serviram de degrau até o cômodo trono do sucesso e as glórias do poder. Perdoa, se podes, os trabalhos que ruidosamente proclamei estarem perfeitos. Não faças caso das palavras e obras com as quais apregoei qualidade que não existia, produção máxima quando outra era a realidade, lealdade quando a intenção era enganar, e bom serviço prometido aos outros, mas cumprido apenas para mim.

    Pensa tão somente na mão aberta, estendida aos que pediram minha ajuda. Recorda as horas empregadas, muito além do valor do ordenado e do preço de venda, no serviço de que um amigo, cliente, chefe ou colega tiveram necessidade. Medita sobre meus esforços, por mais débeis que tenham sido, para viver e trbalhar como artífice até o limite máximo de minha capacidade, utilizando a inteligência que me concedestes. Ao papel e à tinta de Teu mundo apliquei minhas mãos fatigadas e meus olhos exaustos e, dentro de minhas limitações, procurei atingir a perfeição. Dando o melhor de mim mesmo, servi a Tua vontade.

    Julga-me, mede-me, e quando as provas tiverem sido lidas e seja preciso atender às Tuas correções, sê misericordioso.

Amém.